Faz tempo que quero falar sobre esse assunto que vem me incomodando.
Embora eu não esteja exercendo a profissão no momento acho que como jornalista tenho conhecimento suficiente para dar minha opinião.
Às vezes saio de Campinas rumo a Praia Grande e sintonizo o rádio do carro na Band FM e vou ouvindo os programas esportivos (ótimos por sinal) e não é raro rolar uma entrada ao vivo em alguma coletiva de imprensa pós-jogo.
Ai é quando sinto vergonha!
O repórter tem tempo na redação para estudar o jogo que vai cobrir, tem tempo durante o jogo para analisar o que está acontecendo, tem tempo antes da coletiva para formular sua pergunta enquanto o jogador e técnico entrevistado não chegam e no momento que lhe é dada a oportunidade de perguntar o cara solta:
- Fulano o que você achou do jogo?
- Ficou chateado com a derrota?
- Ficou contente com os 3 pontos conquistados?
Ah vá pra PQP!!! É cada pergunta que só por Deus!!!
Por isso que profissionais como Muricy e Felipão perdem a paciência durante entrevistas.
Pior que se gabam de terem estudado quatro anos de comunicação social e ficam putos da vida quando alguém vem defender a não obrigatoriedade do diploma de jornalismo.
Ontem assistindo o jogo do São Paulo - jogo difícil onde a defesa tricolor falhou duas vezes - vimos um personagem de destaque, o zagueiro Antonio Carlos, que fez dois gols e deu a vitória ao time da casa. Fez o que os atacantes não fizeram, foi decisivo.
Só que no final da partida o senhor Bruno Laurence ao invés de falar com o personagem do jogo sobre o seu feito importantíssimo, fato pouco comum para um zagueiro, o renomado repórter da Rede Globo preferiu perguntar ao goleiro Rogério Ceni se o mesmo zagueiro havia lhe pedido desculpas pela cabeçada errada que originou o segundo gol do time adversário. Lógico que o goleiro tricolor desconversou em defesa do colega.
Não satisfeito, Laurence foi ao encontro do zagueiro artilheiro e lhe fez a mesma pergunta.
Para o conceituado repórter houve mais relevância a falha do zagueiro que originou o segundo gol do time adversário (fato que acabou não tendo nenhuma importância no resultado final da partida) do que os dois gols decisivos que o atleta fez a favor da sua equipe dando a vitória ao seu time.
Fala Sério?!!! É o fim do futebol!!!
Ou seria o fim do jornalismo esportivo???
Juliano Romão
Twitter: @julianoromao
Facebook.com/juliano.romao
Essa postagem aqui do blog foi 'retweetada' pelo grande jornalista esportivo Milton Neves no Twitter. Que beleza!!!