Se as pessoas ainda fossem como antigamente

Atendi um senhorzinho que queria comprar um terreno, expliquei tudo certinho para ele, fui com ele até o terreno e na volta ao escritório ele me disse: - Amanhã trago os documentos para o senhor. Quero comprar esse terreno para minha filha. Vou pagar a entrada e metade da parcela todo mês para ela. Ela trabalha e consegue pagar a outra metade da parcela. Quero deixar alguma coisa para ela.

No outro dia ele voltou no horário combinado e me pediu desculpas: - Queria pedir desculpas ao senhor mas não vou ficar com o terreno. Minha esposa e minha filha não querem. Não posso comprar sem o consentimento delas.

Falei: - Tudo bem, sei como é. Se mudarem de ideia estou a disposição.

Ele perguntou: - O senhor já almoçou?

Eu disse: - Ainda não.

Ele enfiou a mão no bolso da camisa e tirou uma nota de R$ 50 enroladinha: - É para o senhor almoçar!

- Não precisa. Fica tranquilo.

- De jeito nenhum. Faço questão! É pelo seu trabalho. O senhor me atendeu muito bem e eu tomei o seu tempo por dois dias. Faço questão!

Olhei para meu amigo corretor que ascenou com a cabeça positivamente com se me dissesse: "Pega Romão"!

Me despedi do senhorzinho que foi embora.

Meu amigo corretor olhou para mim e falou: - Romão esse pessoal da antiga é diferente. Se você não aceitasse ele ia se sentir ofendido. Na cabeça dele ele tomou seu tempo e tempo é dinheiro. Vivemos em outros tempos, quase não existe mais pessoas assim. Vida De Corretor.

Juliano Romão